De repente parece que todo e
qualquer resquício de juízo é corroído. De repente parece que a vontade de
sorrir passa e o tédio chega tomando conta de absolutamente tudo ao redor. É um
sentimento ruim, uma dor chata que vai direto no peito e lá faz residência.
Assim como dói a saudade, talvez, doa ainda mais, a presença distante, por
qualquer que seja o motivo. Saudade é coisa que se sente ainda que perto, é um
estado de espírito. Tem gente com oceanos entre si que se sente próximo. Tem
gente que sem espaço algum entre os corpos sente o peso da ausência. As vezes é
só a carcaça ocupando espaço, carne densa no lugar da alma. As vezes são só
olhos, sem olhar algum que faça acalmar e aninhar alguém. Nesses casos a boca
não fala, os dentes não se mostram naquela curva bonita que chamam de sorriso.
Toque não há. É tudo vazio. Saudade é coisa que amortece. É perna quebrada,
coração arranhado e olho com lágrima.
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