quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Masoquismo


Eu não sei se o meu intuito era o de escrever sobre ‘amor’. Mas no final das contas, em 96% dos casos, é do que eu falo. Queria dizer que acho esse negócio de amor uma coisa um tanto louca. Louca mesmo, sem pé nem cabeça. Sem começo, meio e fim – como é um ciclo normal. É um negócio que surge e fica – e te rege como quem manda sem te dar nenhum direito a qualquer tipo de resposta. E pior: nos conformamos com isso. Achamos lindo.
                
            Continuo sem saber por que estou falando disso. Mas ok, sigamos.

É um processo doloroso no começo, sabe? Porque as pessoas não aceitam o amor de primeira. E as vezes é muito difícil fazê-las se sentirem amadas. As vezes as pessoas rejeitam o que é bom, mesmo quando a recíproca é verdadeira. E você fica se perguntando por que, mas elas são assim. (Essa é outra coisa complicada de entender). É como se dificultar o processo o tornasse melhor e mais válido. Eu já tentei entender isso algumas vezes, mas desisti, finalmente.

                Gostar muito de alguém é, inicialmente (ou não), um masoquismo. Mas com muita paciência e uma ajudinha do destino, de todos os santos, das estrelas, do mar e da lua, no final, vale a pena. É uma ‘dor’ que todo mundo passa porque tem que passar mesmo. É coisa que faz se sentir vivo, sabe?

                Há um tempo esse negócio se apossou de mim. De repente fiquei cega, perdi a noção de muita coisa (inclusive do ridículo e do bom senso) e achava que no meio dessa loucura toda, eu tinha me perdido – mas eis que havia acabado de me encontrar.

                O amor também tem disso: de contradizer falas, tem disso de te desmentir pra si mesmo e, subitamente, você se pega tentando se sabotar... Dando desculpas (esfarrapadas pra si). Quando eu disse que achava o amor uma loucura, eu tinha motivos pra isso.

                Diagnosticar o início desse sentimento não é coisa de outro mundo, já o próprio amor o é. Inicialmente você entra num estado de demência. Você se perde no tempo, sorri pra árvore, pra parede, pro ventilador... De vez em quando conversa consigo no espelho imaginando o que dizer ao outro e pior: pratica isso como um teste teatral.

                É um negócio que te faz isso tudo, mas também te faz sorrir. Ver a pessoa amada é um mecanismo pra mostrar os dentes e esticar a horizontalidade da boca. É uma taquicardia saudável, uma falta do que falar constrangedora e feliz. Eu não saberia precisar exatamente.

                Sei que é bom. Eu estava tentando explicar o que eu acho que é e dizer o quão confortador é ter um amor, mas não vou conseguir descrever isso... Porque essa também é uma das loucuras do amor: a indefinição.  Comecei a me perder nessas tentativas todas, mas tenho motivo... Estou num estado de demência, com taquicardia constante e esticando a horizontalidade da boca frequentemente.

15.10.2014
Carolina.

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