Minha Nossa Senhora
Diga a ele que já é hora
Que o tempo não vai voltar
Que a tendência é desgastar
E o gasto não torna.
Diga que o que eu sinto é
de verdade
Mas que se for pra ficar na
saudade
É melhor parar - se parar fosse uma opção a se acatar
Mas não é.
Diga a ele que abra os
olhos e veja
Que eu não estaria de pé,
esperando, cansada
Que eu não daria meu
coração assim, de bandeja
Se eu não sentisse nada. Ou
muito pouco.
Diga que meu silêncio é por
não saber o que dizer
Que achei que não, mas meu
dicionário acabou
Diga que tô pedindo por
atenção
Sem rima, sem métrica e,
agora, sem pretensão
Diga que eu queria ser
fortinha pra dizer ‘não’.
Que já deveria ser uma ‘mocinha’,
com orgulho ferido
[vencido, vencida,
convencida, muito mulher, ainda menina]
Mas que começo a me xingar
quando a mente sugere o esquecimento
Diga que o que (ainda)
sustenta minhas pernas é amor.
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