quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Aquele mal.





As lágrimas da chegada devem compensar a da partida. O abraço do reencontro deve enterrar o choro da saudade. O beijo da vinda, com certeza, é bem mais prazeroso que o da ida.

É difícil partir. É difícil deixar que o outro vá. Viver de saudade é mergulhar numa dor abstrata. Não tem remédio, não tem festa, não tem palavra ou consolo que dê jeito. O jeito é o ‘outro’. Algumas pessoas têm uma importância absurda na vida das outras. As vezes, nem percebem o papel que exercem, não vêem o quão essenciais são - aí a saudade esclarece o papel de cada um.

As saudade tem seus prós e contras. Estampa o branco do amor no preto da solidão, cruel. Ou vice-versa. Mostra quem é imprescindível e que verdades eram mesmo verdades - dessas que o tempo não mancha. Por outro lado, corrói, sem dó nem piedade, aquele amor pautado na cumplicidade do cotidiano. Maltrata mesmo, faz ferida.

Mais difícil do que escrever sobre saudade, logicamente, é senti-la. As vezes ela chega involuntariamente. Faz-se por necessidade dos “acasos” da vida. As vezes é causada sem ter nem porquê. É complicado. É inerente à quem sente. É doída e sofrida, mas depois de sentida, prova o que vale a pena e o que é descartável.

E quando vale a pena… As lágrimas da chegada compensam a da partida. O abraço do reencontro enterra o choro da saudade. O beijo da vinda é mais longo. E a vida… Ganha vida de novo.


Carol.
04.12.2014

Um comentário: